quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

fragmentos do balanço anual ser um ser humano

CIRCO DA VIDA SOCIAL

A necessidade de continuarmos discutindo socioeducação e defesa de direitos da criança e do adolescente no Brasil, é preocupante. A dada realidade nos sinaliza que os direitos humanos são oprimidos nesse “olocausto criminal”. Poderes estes, tanto científicos, culturais, quanto municipais, históricos, estaduais, sociais, nacionais, políticos e humanos. Cada dia que passa, novos e novas personagens ocupam esse lugar que garante o “equilíbrio” do nosso circo social.
A calamidade é tanta, que ainda se pensa e tem-se a sensação de que “as coisas estão melhorando”, porém, vos digo:
- Não estão.

Quando na rua, não vemos nada para além de nossos objetivos, mesmo sendo todos seres necessitados de “visibilidade social”.
E aqui está o ponto, pois independente de “onde vem”, “quem é” ou “o que faz” estamos no mesmo Circo, logo é nele que construímos os nossos jeitos de viver.
Se eu continuasse com esse discurso ou voltasse em cada entranha desse enredo textual, cairia na armadilha de conservar o raciocínio de “sou um crítico social” ou “quero sensibilizar as pessoas”....Logo, tudo ficaria mais distante. Por isso, me aproximo..
Chego mais perto para dizer que se você sabe ler ou escrever, considere-se um oprimido, pois a grande maioria do povo, não sabe. Se por ventura, passou pelo ensino médio ou fundamental, tome cuidado; e se teve contato com a universidade:
- Sim, você é um gênio.
Não me estenderei entre mestrados, doutorados ou pós-exilações, mas o raciocínio não pode ser o medo, pois a educação social não pode ser construída sem implicações.

Implicações estas que nos permitem esquecer de “onde viemos”, “quem somos” ou “o que fazemos”, para sermos apenas gente que vem e vai, é e não é, faz e não faz. Sem a roupagem social, seriam possíveis as novas relações e tantos outros amigos e amigas. Tamanha miséria, daqueles que não conseguem visualizar. Bichos escrotos que enganam-se para “alegorar” aquilo que chamam de vida. Para mim Psicólogo, não existe lado certo ou lado errado, mas opto sempre pelo lado dos mais fracos e oprimidos? Para bruno chechi prestes co-existem lados que se sustentam o circo, de um lado pela realidade científica e de outro pela realidade social. Com um toque de mágica, quero aqui tudo misturar. Compreender cada história, cultura, educação, orientação sexual, política, rua, poder, instituição, raça, cor, religião e nada entender.

Por trás de cada artista há sempre um sonho.
Pela arte a transformação.
Pelo desgosto a expressão.
Pela sociedade, as políticas.

Em meio ao capital, abortamos nosso próprio sentido de vida. Esse papo de realização pessoal e profissional, fazer da própria vida uma obra de arte ou “ter fé no futuro”, já não me convencem mais...A realidade é dura demais para tantos confortos e certezas.
Hoje escrevo para mim mesmo. Prometo que não vou ler este texto para ninguém. Apenas colocarei ao alcance público para que algum maluco ou maluca leia e pense que “estou revoltado”. Se enganas, pois a revolução é o nosso dia a dia.

A 3° Guerra Mundial está acontecendo nesse exato instante, nos presídios, hospícios, ruas, hospitais, escritórios, gabinetes, salas, escolas, igrejas, ônibus, sinaleiras, praças, famílias, comunidades, instituições, palácios, academias físicas e intelectuais, bibliotecas, casas, cinemas, bares, shoppings, restaurantes, espaços de convivência, enfim, em cada disputa humana.

O poder é o sinônimo de relação humana e antônimo de conduta social.

O palhaço que habita em mim é um soldado. Um soldado que tenta não machucar ninguém, mesmo sabendo que isto é impossível. Um combatente das desigualdades sociais que pensa e reflete a cada passo pelo mundo. Que acredita no inacreditável e joga malabares em pleno século romano.

A história rompe com um pedaço da torta que podemos ser.

Ai vem os diretores, querendo conduzir os processos ditos como reais. Chegam os antropólogos entendendo as questões sociais. Os psicólogos as questões “anais”.
Os advogados as questões criminais. Essas reduções são tão falsas, que puxam a corda da Injustiça.

Criamos a cultura de punir, amedrontar, ameaçar, posicionar, expressar, estudar, viajar, matar, cultivar, movimentar, trabalhar, roubar, amar, lutar, internar, arrumar, organizar, institucionalizar, arrancar, contribuir, dividir, transformar, separar, viver, compreender, sair, entrar, machucar, desconfiar, retirar, calar, fazer, escrever e milhares de outros verbos que excluem o “sentir”.

Queria ter aprendido na escola que é difícil ser gente de verdade, que papai noel não existe e que o coelhinho da páscoa só da recompensa para os dentes sem cáries.
Queria ter aprendido na universidade que é difícil ser gente de verdade, que os projetos de extensão não incluem ninguém, a educação é aprisionante, e que as pessoas que detém muito capital, são chamadas pelos estudantes de filosofia ou ciências sociais de hipócritas socialmente aceitáveis.

Aprendi na rua a ser gente de verdade e me considero de rua também. Quando estamos em público, deixamos de fazer as coisas que só fazemos em nossa casa. Meus professores nessa escola social são aqueles que se alimentam de lixo, ficam na esquina pedindo um dinheiro, se colocam em frente aos restaurantes para denunciar as desigualdades sociais, fazem da rua a própria casa, recolhem e varrem as sujeiras para a cidade ficar limpa, roubam, matam, assaltam, fogem, apontam heroísmos políticos desempregados e logo, saem de cena. Essa é apenas uma parte da galera, mas aqui, representam o lugar de desconforto. Ta tudo errado. Ta tudo dando errado. Tudo está errado.

Imagino um mundo sem ciência, sem dinheiro, sem injustiças, sem desigualdades, sem tabus, sem sorte, sem colírio. Nessa imaginação não existiriam cultura, moradia, política, história e fé. Agora chego no ponto pretendido. Imaginemos todos nós desempregados, desabrigados, desamparados. É nesse lugar que gostaria de me colocar se pudesse respirar em sentido da vida digna. Todos obrigados e torturados a viverem juntos, dependendo um do outro, dessa vez explicitamente. Queria ser um vagalume para poder pensar em como seriam os nossos pensamentos, crenças, reflexões e pesquisas científicas.
Continuamos falando de um lugar de oposição, onde as coisas são sempre as mesmas coisas. Um lugar que transparece um pequeno compromisso mas que na realidade não operacionaliza as próprias mudanças. Por trás de tudo há pessoas. E é aí que mora o problema. Pessoas criam problemas, destinos e organizam tudo que deveria estar colocado na vida como um caos.

Volto aos direitos humanos.

A necessidade de continuarmos discutindo socioeducação e defesa de direitos da criança e do adolescente no Brasil, é preocupante. A dada realidade nos sinaliza que os direitos humanos são oprimidos nesse “olocausto criminal”. Poderes estes, tanto científicos, culturais, quanto municipais, históricos, estaduais, sociais, nacionais, políticos e humanos. Cada dia que passa, novos e novas personagens ocupam esse lugar que garante o “equilíbrio” do nosso circo social.
A calamidade é tanta, que ainda se pensa e tem-se a sensação de que “as coisas estão melhorando”, porém, vos digo:
- Não estão.

Ass. Bruno chechi prestes e brunovagalume (psicólogo CRP03/IP6842, palhaço, equilibrista, malabarista, escritor e mais um punhado de coisa. 23/12/10 em salvador/BA.